quarta-feira, 29 de setembro de 2021

 Há tantos feitos e gestos de aversão em comum com os de amar.

Toda ação são fichas de um jogo de azar.

E no fim das contas se cobram propósitos

A despeito de que só se pode apostar.

SILENCIAR-SE

aprender a calar-se antes do fim.

sobretudo a não cometer o pecado de se pretender compreendido.


não me sei.

não me posso. se me acho um pouco, já sou outro!

pois quem eu era imediatamente antes não se sabia.

e mais... me fazer compreendido?

quem me compreende me faz menos:

passível de caber em sentenças, definições...


aprender a deixar as coisas insatisfeitas como quem lhes dá vida.

saciedade é fim! é neutra. é como o que não nasce. 

tão só aparece.

é preciso saber circunstancializar o silêncio

como a cortina para o escuro.

recolher-se. 

amadurecer é abandonar o engano divertido de supor-se convincente.

coadunar com a sabedoria de que o homem mal de si mesmo se convence. 

quem dirá de outrem!


a vida que vinha mentia o destino ser poesia.

viver melhor é rumo ao silêncio porque é assim que é

e  me apetece deveras concordar com inevitável.

eu e a morte tocamos numa mesma orquestra



poesia é qualquer coisa incômoda

no meio do caminho:

tempo que parou num assobio.


a expectativa de comunicação

 é mais tola do que o verso

que é mais tolo que o silêncio.


dos erros perante meu juízo, 

os menores possíveis!

é um pecado maior  quando se fala algo para esculturar boa aparência.


não sei que devo parecer, 

não fiz planta para mim.

eu me deixe ser ruim se ruim é a natureza.