razão também tem quem luta pra perdê-la! Iscas para almas. Realização do projeto de fazer propostas. Quase uma coisa no lugar de tentativas. Lembretes do desapercebido. Refinaria de gritos.
terça-feira, 27 de outubro de 2020
terça-feira, 20 de outubro de 2020
Sou tão pequeno que se percebo que estão me vendo hesito o quanto há de ilusão. Por vezes me olham e falam comigo, então respondo. Sinto alguém diante de mim, mas sinto também que está em alguma medida ausente, que trouxe de si pouquíssimo, apenas a inevitável casca - peneira de gestos e falas, que escapam insossas convenientes, e isto é comumente a boa sorte. Toma-me uma certa pressa de ir embora, levar-me de volta para meu uso caseiro e particular. Ficar só me parece mais real e me deixa mais à vontade. Desagrada-me fingir que existo, condescender por civilidade, dar a minha ou abanar opiniões alheias... "Importo para pouca coisa, pouca coisa me importa." - não se trata de um olhar escolhido, mas caído da copa da realidade! No mais, minha felicidade está tão estabelecida em simplicidades, quase como a de um cão, que em convívio mais concorro a prejudicá-la do que a preservá-la. Sozinho me sinto mais honesto, mais próximo do real, menos representante, menos pretendente. Visto, sou-me indecente. Perto do outro me abandono ao papel plausível, ajuizado. Perto de alguém, devo. Pois para um "cristão" como eu, o próximo é um credor. Do convívio, recupero-me na solidão e em seguida - natural, desapercebida e necessariamente - me acho outra vez em domínio público. Pois sim! Os excessos não fazem bem: a solidão dilua ânimos e habilidades fundamentais à sobrevivência que não se dá sem convívio social... Em dada medida, no outro me identifico, numa outra, me perco.
PARAQUEDAS
Não caímos na real porque em nosso craniano tribunal não recorremos contra as ilusões que consolam.
sexta-feira, 16 de outubro de 2020
quinta-feira, 15 de outubro de 2020
será que acreditei melhor do que o mundo podia?
mas que eu sabia da potência do mundo de verter-se em alegria?
lembro que era boa a ingenuidade que olhava para as outras pessoas
o homem era mais simples ou melhor ignorado por este à toa.
tive espaço pra viver. acostumei e nunca mais quis viver sem vida.
nem a mãe me ameaçou o suficiente e nem dinheiro me convenceu.
quinta-feira, 8 de outubro de 2020
Sem dentes
Quem enxergo abaixo pra pensar em cordas ou resgates,
sejam insetos ou uma nação de semelhantes gentes?
Aah meu amigo, quem morre não faz mais que ir à frente.
Quem minha língua fala
tem menos azo para que me invente.
Salvar os outros de não me serem?
Apiedar-me... mas de que?
Se até o que sinto são coisas a mim indiferentes,
exceto sou eu somente.
A compaixão é só o traje a rigor
que tem consigo quem mal se sente
e que a dor veste para de outro expandir e se nos fazer frequente.
Quem sofre o que é de outro falta no saber-se por si mesmo descontente.
Vai ao sofrer alheio fazer-se do seu ausente.
Esqueça o que de meus versos deduz,
desejo que tua cruz te seja suficiente.
Venha rir comigo enquanto não somos banguelas.
A morte no camarim
Minhas palavras são precipitadas, brilhos de estrelas que nunca existirão.
Estou cansado delas sem distinguir as que me chamam das que me esquecem, assim também das fotografias requestando saudades minhas de mim e de tudo mais que tenha sido, lembrar é reinaugurar cordões cortados.
Não navego, sou o cais de que tudo se desatracou como um navio.
Pois sim: o mundo está içando sua âncora do fundo de meu peito.
Partindo prum lugar melhor que eu, e me faltam lenços limpos pra esta despedida que daqui aceno.
A minha vida se afoga em lástimas represadas.
Sou tão só uma felicidade magra de quem me advertira sobre qualquer coisa.
Meu sobrenome é "Logo Mais Coisa Nenhuma".
Diante do mundo acabando, sou tão incapaz salvador como seu reflexo preso num espelho:
Só ajo consoante aos fins, sem nada alterar... nem mesmo o fato de que vejo este mundo sem contrapartida, sem vice-versa. Nenhuma reciprocidade!
Na pequena peça de minha vida, uma morte tímida e qualquer é a grande estrela que pra não entrar em cena em tal fracasso de bilheteria dispõe-se tão só a cerrar as cortinas.
Sou o torcedor eterno de um time que perdeu a chance de não ser time e não entrar em campo e não perder.
Um testemunha das próprias derrotas depondo a favor de alheias vitórias desconhecidas pra não dar bandeira aos sarcasmos.
Pois é! Tenho inveja do que imagino.
A minha sensação é de que, fora a primeira, as demais pessoas conjugam o verbo vencer que é tão só terem longe seu coração do que sinto.
Eu sou um álibi do mal que o diabo me fez.
Estou atrás da vitrine do pesadelo de estar desperto sozinho.
E a tua sorte, qual desconheces, são estes teus olhos fechados a sonharem outras vistas que não me tiram nem mesmo um pedaço.
quinta-feira, 1 de outubro de 2020
os equilibristas
bocas pra roma
pro paladar
ramos pra aromas
rumos pro olhar
bom equilíbrio sabe escutar.
se sabe ouvir,
sabe voar.
suba com as notas
leves no ar,
que uma cantiga
pode levar
a ruas antigas, largos de amar...
histórias perdidas
hão de se achar
compassos
compondo um lar
com passos
de ir e voltar.
equilibristas
podem encontrar
o que a vista
não pode enxergar
labirintos
para deslocar
tudo que sinto
a um novo lugar
tato pra formas
pra se tocar
rimas que tornam
fácil lembrar
bom equilíbrio sabe escutar.
se sabe ouvir,
sabe voar.
compassos
compondo um lar
com passos
de ir e voltar.
equilibristas
podem encontrar
o que a vista
não pode enxergar
labirintos
para deslocar
tudo que sinto
a um novo lugar
equilibristas
podem encontrar
o que a vista
não pode enxergar
labirintos
para deslocar
tudo que sinto
a um novo lugar