O que havemos visto quanto já se desfez do real, se pela via de ver, o mundo adentra em esquecer e transforma-se em mundo ideal?
De tudo do que reclamamos, quanto há proceder,
se a insatisfação é uma fundamental
condição do viver?
A realidade é qual parte daquilo com que vivemos?
A que, ao molde de nossa pretensão, entorta mais ou a que entorta menos?
O quanto há vice-versa pro sonho que a realidade dilui?
E a palavra feito cruz não prega verdades mortas?
Não é a verdade uma porta que a esperança seduz
a abrir pr'um engano que bate
com a substância da luz?
razão também tem quem luta pra perdê-la! Iscas para almas. Realização do projeto de fazer propostas. Quase uma coisa no lugar de tentativas. Lembretes do desapercebido. Refinaria de gritos.
sexta-feira, 27 de dezembro de 2019
quinta-feira, 26 de dezembro de 2019
ININTELIGÍVEL
Não me pariu uma ideia.
Não sou um débito quitado.
Nasci inesperado,
filho da além consequência
do desejo que se quis saciado.
Não sou fruto de ciência,
não posso ser explicado.
Apenas sendo prazer,
me tenho continuado.
Por isso é uma indecência
Se tentam me ter entendido:
nao tenho significado,
caibo só em ser sentido.
Não sou um débito quitado.
Nasci inesperado,
filho da além consequência
do desejo que se quis saciado.
Não sou fruto de ciência,
não posso ser explicado.
Apenas sendo prazer,
me tenho continuado.
Por isso é uma indecência
Se tentam me ter entendido:
nao tenho significado,
caibo só em ser sentido.
Troca de casca
Desprezar a superfície e a aparência em nome do profundo é amiúde o processo de desprezar o que se vê em prol do que se imagina (sente, deseja...). Toda elegia à profundidade tem seu germe de tirania se pretende que o adivinhado, o suposto, o particular vigorem sobre o nítido ao alcance comum. No mais, quando se demonstra o que há sob a superfície, não se conquista o profundo, mas apenas uma nova superfície.
sexta-feira, 20 de dezembro de 2019
Encontramo-nos nesta vida, e com o passar do tempo nossas felicidades se afastaram cada vez mais. A ponto que deixou de existir uma nossa felicidade, para existir a felicidade de cada um. Será que só eu percebo esta tristeza? Olhem!: as palavras e gestos de ternura - ocos! - ficaram como cacoetes de sentimentos que se foram.
quinta-feira, 12 de dezembro de 2019
QUANDO ACONTEÇO
acaso estou aqui para contestar o que acontece?!
o que acontece não deveria ter direito superior ao que tenho em imaginação?!
estou aqui para lastimar porque pretendo melhor as coisas do que as coisas vêm a existir?!
imagino e sei algo melhor do que o possível realizado?!
diabos! para que eu vim
se não rimar com fim?
o que acontece não deveria ter direito superior ao que tenho em imaginação?!
estou aqui para lastimar porque pretendo melhor as coisas do que as coisas vêm a existir?!
imagino e sei algo melhor do que o possível realizado?!
diabos! para que eu vim
se não rimar com fim?
quarta-feira, 11 de dezembro de 2019
DO QUE COLHO MEU RISO (para Augusto)
do que colho meu riso,
encontro o mundo cada vez mais deserto.
fujo de pensar no país,
se me tenho desperto!
brasileiro, sou deveras infeliz!
o amor?... torna o agora mesquinharia,
o enorme passado:
oco em mim a reverberar enganos
para quais se desfez uma fundamental ingenuidade.
tive por anos maior a família e amigos ao lado.
no espelho, que vaidade?
flagro a inexpressão do rosto...
permaneço a olhar o suficiente
para perceber que sequer este flagra tem gosto,
não exprime um sentimento nítido:
nem tristeza, nem orgulho de saber-me acabando
e de pé ainda.
olho pro meu filho
- uma criança linda -
e estou muito perdido!
o riso dele quando pleno de inocência me encara
me reinventa uma alegria:
uma flor rara que rápido vigora e breve esmorece
e que me aproveita que me restam dentes: rio!
só nele distraído estou contente.
para além dele, o mundo quase que só me entristece.
olho-o, rio e estou certo:
do que colho meu riso,
encontro o mundo cada vez mais deserto.
https://www.instagram.com/tv/CPx_UOxHVZD/?utm_medium=copy_link
encontro o mundo cada vez mais deserto.
fujo de pensar no país,
se me tenho desperto!
brasileiro, sou deveras infeliz!
o amor?... torna o agora mesquinharia,
o enorme passado:
oco em mim a reverberar enganos
para quais se desfez uma fundamental ingenuidade.
tive por anos maior a família e amigos ao lado.
no espelho, que vaidade?
flagro a inexpressão do rosto...
permaneço a olhar o suficiente
para perceber que sequer este flagra tem gosto,
não exprime um sentimento nítido:
nem tristeza, nem orgulho de saber-me acabando
e de pé ainda.
olho pro meu filho
- uma criança linda -
e estou muito perdido!
o riso dele quando pleno de inocência me encara
me reinventa uma alegria:
uma flor rara que rápido vigora e breve esmorece
e que me aproveita que me restam dentes: rio!
só nele distraído estou contente.
para além dele, o mundo quase que só me entristece.
olho-o, rio e estou certo:
do que colho meu riso,
encontro o mundo cada vez mais deserto.
https://www.instagram.com/tv/CPx_UOxHVZD/?utm_medium=copy_link
terça-feira, 10 de dezembro de 2019
Aquém do objeto
Quem me ama não quero encontrar!
Tenho pavor de concorrer com este sentimento:
Eu de carne e osso sendo posto a prova perante uma ideia maravilhosa que fazem de mim?!
- o acaso me livre!
Perto de quem me ama só tenho a perder...
Só posso capotar na ladeira de tal mérito.
Perto de alguém que me sente assim: amado...
Só me sobro tímido ou imprudente...
Quem sente saudades minhas,
quem ao menos cogitara - por lapso -
dar uma vida por mim...
Afasto-me e sou apenas delírio alheio!
Que tenho a fazer nas cercanias do amor é sujar-me,
estragar-me fatalmente...
Acabar desarmado, despreparado pra lidar com mordidas...
O acaso que me mantém livre de quem me ama, promovo a divindade.
Certa distância da luz e dos barulhos de existir preserva o sonho em que sou magnífico.
Certa distância para que, se cheguei a tal ápice, eu possa ser e continuar amado.
Não! Deus me livre de quem me ama!
Não posso honrar tal sentimento e tudo que a partir deste esperam repletos de direito.
Dissolvo melhor meu tempo entre afetos menos gananciosos, que passariam bem sem mim....
Tenho pavor de concorrer com este sentimento:
Eu de carne e osso sendo posto a prova perante uma ideia maravilhosa que fazem de mim?!
- o acaso me livre!
Perto de quem me ama só tenho a perder...
Só posso capotar na ladeira de tal mérito.
Perto de alguém que me sente assim: amado...
Só me sobro tímido ou imprudente...
Quem sente saudades minhas,
quem ao menos cogitara - por lapso -
dar uma vida por mim...
Afasto-me e sou apenas delírio alheio!
Que tenho a fazer nas cercanias do amor é sujar-me,
estragar-me fatalmente...
Acabar desarmado, despreparado pra lidar com mordidas...
O acaso que me mantém livre de quem me ama, promovo a divindade.
Certa distância da luz e dos barulhos de existir preserva o sonho em que sou magnífico.
Certa distância para que, se cheguei a tal ápice, eu possa ser e continuar amado.
Não! Deus me livre de quem me ama!
Não posso honrar tal sentimento e tudo que a partir deste esperam repletos de direito.
Dissolvo melhor meu tempo entre afetos menos gananciosos, que passariam bem sem mim....
terça-feira, 3 de dezembro de 2019
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