sábado, 21 de julho de 2018

QUANDO VOCÊ DEITA EM SER, É COMO SE UM DEUS O FIZESSE!



Não se arquitete psicologicamente! Não se pinte exageradamente: da unha do pé à próxima palavra! Não se corte no molde da beleza do mundo! Não se faça espelho de revistas! Tenho um faro aguçado que aprecia o que é em pleno despropósito. Gosto dos que se dão distraídos, espontâneos... A beleza para mim não é um peso a ser erguido com sacrifício! Há dedicações que são belas, mas não acho belo dedicar-se antes de tudo à imagem! Beleza pra mim é um achado, um timbre de voz, um movimento do corpo, um jeito de interagir com o outro, a forma de um abraço ou de um aperto de mão, uma ideia poética que escapa de alguém sem pretensão de poesia. O belo é belo distraído de ser, a sua beleza não é um produto do seu mérito. O mais bonito perguntará: "Em que sou belo?' ou "Por que me achas bonito?" Perguntará porque não é óbvio! Talvez possamos responder com esta frase "porque não é óbvio!"

quinta-feira, 19 de julho de 2018

versos-domingo-parque

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o silêncio é o tempo nu
em que visto um jazz
e esta pequena poesia de folga
em que saímos com o silêncio 
de outros a passear.

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quarta-feira, 11 de julho de 2018


  1. Você tem agora a saliva insossa... A língua atrás dos dentes de sua solitária boca... Que parece a mesma de sempre... Mas agora concavidade de um homem apático. Você teve dores,  ilusão de amores... popularidade que concordava, pois que você concordava e  jogava o jogo... Entusiasmo...
    ...Agora, armadilha para pegar-se nada...  Você já não quer discutir mais. Essa poesia é alguma coisa que seria, numa veia do seu pensamento que afluiu ao vazio. Verteu-se  todo passado em saudade. Todo futuro, em sonhos. E agora só lhe resta o presente com que não sabe o que fazer. Matéria prima de quê? Você teve amor, raiva, ódio, alegria... você escreveu cartas cheias de espera e euforia... Agora esta simples noite linguodental. Nem salgada, nem doce, muito menos santa, muito menos moral... Simples sono animal diante o contraste de quem se cria um Deus.

domingo, 8 de julho de 2018

PARA DIMINUIR A DISTÂNCIA OU PARA CULTIVÁ-LA?

À medida que aprendemos a viver atrás de retângulos portáteis, atrás de letras frias, da especulação do outro, pode ser que não nos conformemos mais quando o outro não for tão manipulável como nossos celulares, nossas ideias. Oculta-se um mal nessas tecnologias: o outro não atende o ideal (bom ou mau) que fizemos dele à distância. Na proporção em que mantemos esta distância, a presença física se torne cada vez mais algo desagradável e mesmo violento: uma invasão ao "eu-usuário", um sonho violentado. Anjo ou demônio, fazíamos dele o que convinha, agora ele existe em nossa frente, move-se, fala: humanizado, ele nos rouba muito do nosso direito de inventá-lo e de nos inventarmos.