domingo, 8 de julho de 2018

PARA DIMINUIR A DISTÂNCIA OU PARA CULTIVÁ-LA?

À medida que aprendemos a viver atrás de retângulos portáteis, atrás de letras frias, da especulação do outro, pode ser que não nos conformemos mais quando o outro não for tão manipulável como nossos celulares, nossas ideias. Oculta-se um mal nessas tecnologias: o outro não atende o ideal (bom ou mau) que fizemos dele à distância. Na proporção em que mantemos esta distância, a presença física se torne cada vez mais algo desagradável e mesmo violento: uma invasão ao "eu-usuário", um sonho violentado. Anjo ou demônio, fazíamos dele o que convinha, agora ele existe em nossa frente, move-se, fala: humanizado, ele nos rouba muito do nosso direito de inventá-lo e de nos inventarmos.

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