as paredes de meu lar são todas de outdoor
se saio é pra comprar
se fico me põem
a venda no olho
da rua
não tenho capital pra
ser minha propriedade,
sou refém da utilidade.
razão também tem quem luta pra perdê-la! Iscas para almas. Realização do projeto de fazer propostas. Quase uma coisa no lugar de tentativas. Lembretes do desapercebido. Refinaria de gritos.
as paredes de meu lar são todas de outdoor
se saio é pra comprar
se fico me põem
a venda no olho
da rua
não tenho capital pra
ser minha propriedade,
sou refém da utilidade.
nós temos tanto o desejo de vingança!...
mas contra qual objeto?
ódio
como um esgoto a céu aberto
esperando a decência dos aquedutos...
as ideologias estão todas poluídas.
no aterro há quem se vire pra viver do que resta...
tudo isto a nos levar, a nos desembocar...
em que mar isto vai dar?
a chave da cidade foi entregue
a quem jurou violentá-la.
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uma flor do canto sussurra aos meus olhos uma cor
em segredo
o bilhete da moça é a voz do afeto possível no mundo:
"Adeus, Rodrigo!"
"ame ao próximo como a si mesmo"
o que tenho por mim sou eu,
não é amor.
se é que me tenho...
quem sou para ser outro a se/me possuir?
quem me tem será quem sou?
não há espaço entre mim e o que sou
pra que se recheie com amor
que só se pode entre nós
existe uma inversão de causa e efeito
ao pensarmos
na relação do brasileiro com o jeito
em que entre quais está ou é o sujeito.
e assim o diminutivo sufixo
corriqueiro
que se põe no segundo
justifica o crucifixo
em que se põe o primeiro
eis que no mundo
nos fazem suspeitos
fato é que só resta o "jeitinho"
a quem nem a vida possui por direito.
- que alegria contagiante e sorriso lindo você tem! o que você está usando é caro?
- chama "ignorância".
Não quero exclusivamente nos desiludir de fundamentais ilusões ao nosso bem estar. Embora, para determinados fins, isto seja necessário.
um vento
que adivinha chuva
ou fogueira...
os cheiros associados ao que não volta mais...
são os melhores!
penso em ir num alto mirante,
voltar a ler livros,
e escrever,
gravar um álbum com minhas canções,
banhar-me amanhã,
no vão dos compromissos,
no rio que corta esta cidade...
todos esses pensamentos são pouco pretensiosos.
autossuficientes enquanto precária sensação...
digo, basta que sejam pensamentos.
são pouquíssimos pretensiosos de serem escolhidos,
como quem corre canais de tv com enfado...
tenho apenas ficado em casa e feito o mínimo possível.
um verso no lugar da vida, do amigo, do amor, do outro...
pois a vida é isto mesmo:
vigiar o arroz;
criar um status;
esperar olhares...
esquecer do vital!
tenho feito planos e o que eles tem em comum
é fugirem comigo!
esses planos todos pra amanhã
roubaram toda a importância de hoje.
uma vez no amanhã,
tornei-me sujeito às promessas.
minha vida foi pra europa,
e nunca mais voltou aqui na cozinha.
mergulhou lá num mar azul
e nunca mais ergueu a cabeça
por sobre o balcão
pra pedir uma paleta duas vezes moída...
esqueci de comprar um travesseiro.
que importa dormir ou ter o que abraçar?
este verso, que importa?
há olhos dispostos ao que não grita?
folga...? detesto! vou fazer o que comigo?
porca sem parafuso!
o café, o almoço, o jantar...
tudo isto é apenas recheio de um saco
que precisa ficar de pé!
na vida de fabricar há tanto a se fazer!
na de comprar, o meu prazer!
viver é intransitivo!
tudo é um resultado.
quem não perde as contas
vive no prejuízo.
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ainda que a foto exista
sobre o fato
incide sempre o ponto de vista.
pois quando tem meus olhos
seu retrato
é a saudade o que há mais realista
para Rubens Guilherme
herdamos este jeito morto
de encarnados pouco carnais.
já não sabiam balançar o corpo,
os nossos ancestrais.
e acreditamos em suas cadeiras
que não se quebram. ó, imortais!
sentamos na esperança,
como tais, pela musa que dança
e não cansa jamais.
vício de livros de herança.
hábitos de homens sentados,
pudor com o instante presente
que não nos levanta e nos cansa
de estarmos assim tão parados.
toda estrutura que falta
pra suportar nossa mente,
que a estante futura mais alta
nossa criatura sustente.
pois não podemos ficar quietos.
sem reclames, sem reparos.
tudo queimando em alfabetos.
sujeitinhos muito raros!
e o que por bem reparamos do mal,
se somos salvos pelo final
em não haver certo ou errado?
de ser, somos tão só cismados:
num irrevogável esforço
de parecermos iguais
a trasanteontem:
cortando os pelos e unhas morais
a nos sugerimos ideais,
nem me contem!
perdemos quantos carnavais?