razão também tem quem luta pra perdê-la! Iscas para almas. Realização do projeto de fazer propostas. Quase uma coisa no lugar de tentativas. Lembretes do desapercebido. Refinaria de gritos.
quarta-feira, 29 de dezembro de 2021
domingo, 19 de dezembro de 2021
sexta-feira, 17 de dezembro de 2021
Pouca autoria
o lugar, o momento,
a regência de kairós,
a necessidade, o sentimento,
pouco autores somos nós:
oprimidos pelo tempo
servido em cronologias
o dever e o cumprimento,
as solúveis euforias,
que nos deixam a ver o vento
e a versar melancolias.
o desejo parindo pais
a fome apertando o cós
um acaso nossa paz
outro acaso nosso algoz
quarta-feira, 15 de dezembro de 2021
germe passional
parece que toda paixão se inicia assim: uma faísca do acaso acendendo um olhar, uma voz, um caminhar, os movimentos das mãos, a intermitência do piscar de olhos, uma postura reservada inoculando uma curiosidade... pronto! do resto da figura se encarrega nossa carência! o que não sabemos é esculpido portentoso na fôrma do que nos falta, daí aquela sensação de encaixe perfeito! fruto de uma ilusão, claro! mas que importa não é a realidade, mas o sentir. alguma coisa do outro ou alguma coisa externa: uma droga, uma fé, uma mulher... algo que nos recheie com entusiasmo, uma figura vista à meia-luz, tão só um vislumbre! uma flor fertilizada no tédio, suas cores florescendo num mundo em preto e branco. uma oportunidade irresistível para escapar de uma realidade monótona e adentrar no sonho que colhe da realidade alguns ingredientes idílicos.
quinta-feira, 2 de dezembro de 2021
ver essa gente sossegada em pequenas vidas cotidianas pode ser perturbador para alguém que passe carregando a consciência do tempo e do fim.
Esse medo todo que nos governa tirano não vale a pena. É preciso disto fazer um mantra: "Esse medo todo que nos governa tirano não vale a pena". Um samba! Um axé! Que seja o castigo escolar escrever mil vezes no quadro! Que a palavra entre e deflagre feito sopro em brasa, sem deixar de receio mais do que cinza esquecimento! Vire ato! Que alguma estupidez - que seja! - substitua a prudência fungo do medo. E a alegria seja de entrega, se tiver de ser, à morte até! Em nome de uma vida menos encolhida na esperança, tolhida, como se houvesse após para qual se guardar. Abaixo o futuro como pretexto de sermos pouco presentes. A paz mercadoria oferecida perdeu embalada a validade.
domingo, 28 de novembro de 2021
terça-feira, 23 de novembro de 2021
segunda-feira, 22 de novembro de 2021
sábado, 20 de novembro de 2021
Efeito colateral civilizacional
muito da delicadeza, gentileza que entregamos ao outro está no silêncio que fazemos e de alguma maneira nos custa. é um "não-ato", não obtém reconhecimento mesmo de quem com tal omissão favorecemos. por isto é tão difícil calarmo-nos, comportarmo-nos assim! mas quanto nos custa deixarmos de ser espontâneos, calar em prejuízo da vontade, em nome do convívio e das necessidades civis? ou quanto custa não falar em linha reta em prol de não magoar? quanto tempo e intelecto despendido? o que nos acontece por dentro em decorrência disto? em outras palavras, em decorrência de não sermos mais crianças? ou seja, por consequência da civilização e suas boas maneiras?
quarta-feira, 17 de novembro de 2021
NÃO SONHO COM REALIZAÇÕES
quinta-feira, 11 de novembro de 2021
não quero brincar com as emoções no sentido de enganá-las. quero levá-las a um passeio num "parque de diversões" com estas sabendo que se trata de um "parque de diversões". você gostaria de salvá-las para um altar e jurar-lhes eternidade? bem, talvez este seja o nosso grande erro!
não espero da vida mais que a vida; nem do desejo, mais que o desejo. quem não sabe se dar a uma tarde boa, se desculpa que só se dará a seriedade do eterno. talvez não saiba se dar à vida porque não é eterna e não tem garantias. ora, é errado culpar tardes descompromissadas e espontâneas por nossas frustrações, elas advêm de nossa pretensão e expectativa ignorantes do real.
quinta-feira, 4 de novembro de 2021
quarta-feira, 3 de novembro de 2021
sábado, 30 de outubro de 2021
Meu engano se reduziu ao ponto em que não espero mais entendimentos, então faço versos em vez me dar às conversas. E é como ser um ateu que ora, pois não é questão de crer em Deus, mas de ter palavras sem destinatários ou interlocutores. Jogá-las como um bilboquê, mexê-las como um objeto a que se entrega mãos inúteis distraídas. Perdeu-me a expectativa-eu, que era a que projetava o outro.
ando cansado de muito.
não passo bem com estes séquitos.
melhor assim que ser mouco?
e este bando de louco
errando desde o intuito...
trazem os superlativos
eu ando tanto amolado
com este quanto enganado
quem na matéria está vivo
foi na manchete enterrado.
o slogan é um grito.
é o produto exagerado.
a embalagem é inflada
no super do supermercado.
o mundo no horário comercial.
e os personagens na vida real.
amar é muito!
muito é muito!
tudo é muito!
isso é muito!
é muito amor às cegas.
domingo, 10 de outubro de 2021
DE LUA (DILUA)
uma pessoa que se guia pela esperança
é uma mariposa
que esquece a natureza
e se perdendo da lua
finda-se contra ordinárias lâmpadas
que têm por universo o Tédio dos sóbrios
parece que por trás das palavras inusitadas que sua sintaxe insinua
existe um sentimento único que se atira inteiro - suicida - por sua língua
mas nada está garantido! nada!
na vida toda!
por isso que a gente sonha:
a realidade também não tem chão.
o planeta flutua .
a vida certa é dura,
a boa é a de ilusão!
mas há quem as confunda de uma maneira encantada.
já quem as discerne tem sempre um ar doentio.
os ditos de amor para mim são como homens que dão tons gratos as suas palavras como que a uma fonte que aparecesse ante sua sede
e os de ódio são como de quem tropeçasse em uma pedra
e aspergisse sobre esta a sua fúria em vernáculos
ambas as coisas parecem uma vontade de sentido
que habita um meio de infinito sem razão alguma.
pródigos acidentes que semeiam dogmas
na fértil sem-razão dos homens.
é inevitável que fechemos os olhos cansados de cores e luzes
que não levam a lugar algum
e gozemos em nosso escuro particular miragens
que a concretude indiferente não reproduz
razão só se encontra motivo num certo grau de loucura
razão que a gente desleixa mais tarde nos procura
quarta-feira, 29 de setembro de 2021
SILENCIAR-SE
aprender a calar-se antes do fim.
sobretudo a não cometer o pecado de se pretender compreendido.
não me sei.
não me posso. se me acho um pouco, já sou outro!
pois quem eu era imediatamente antes não se sabia.
e mais... me fazer compreendido?
quem me compreende me faz menos:
passível de caber em sentenças, definições...
aprender a deixar as coisas insatisfeitas como quem lhes dá vida.
saciedade é fim! é neutra. é como o que não nasce.
tão só aparece.
é preciso saber circunstancializar o silêncio
como a cortina para o escuro.
recolher-se.
amadurecer é abandonar o engano divertido de supor-se convincente.
coadunar com a sabedoria de que o homem mal de si mesmo se convence.
quem dirá de outrem!
a vida que vinha mentia o destino ser poesia.
viver melhor é rumo ao silêncio porque é assim que é
e me apetece deveras concordar com inevitável.
eu e a morte tocamos numa mesma orquestra
poesia é qualquer coisa incômoda
no meio do caminho:
tempo que parou num assobio.
a expectativa de comunicação
é mais tola do que o verso
que é mais tolo que o silêncio.
dos erros perante meu juízo,
os menores possíveis!
é um pecado maior quando se fala algo para esculturar boa aparência.
não sei que devo parecer,
não fiz planta para mim.
eu me deixe ser ruim se ruim é a natureza.
sexta-feira, 3 de setembro de 2021
quarta-feira, 1 de setembro de 2021
segunda-feira, 23 de agosto de 2021
Vai aonde?
O trabalho está para o enriquecimento como a pluma pro açoite. Lava o mofo de suas decências teóricas, quara este sonho! Deixa os olhos fechados no quarto, criança! Vai aonde deste jeito? Tira da cabeça esta perfeição - coisa esdrúxula! - parece impotência adiantando desculpas pelo que não fez.
quinta-feira, 19 de agosto de 2021
sábado, 7 de agosto de 2021
Tragicômico
sexta-feira, 6 de agosto de 2021
Bom pra dormir, sonhar, apaziguar.
Uma das vantagens da falta de clareza é a sensação de plenitude na aparente conciliação entre afetos e razões. Desfruta-se deste sentimento, pouco importando que a sua fonte seja mais delírio que sobriedade, ilusão que realidade.
Arco-íris
A desilusão é fruto do alvorecer. A felicidade com as cores do dia não é felicidade para todos os seres, por não suportarem a lucidez que a pluralidade exige e/ou a pluralidade que a lucidez apresenta. Há os que vigoram somente em alguma escuridão, porque esta lhes dá guarida. Para o ser humano a escuridão aterroriza e promove um bom sonho, porque, impossibilitando os olhos, aguça a imaginação. E alguns não suportam abri-los para o que não corrobore com suas monótonas crenças noturnas. Querem preservar suas suposições da luz que as dissolve.
quarta-feira, 4 de agosto de 2021
-Tudo sob controle?
- nunca está! mas a gente esquece, e vive o esquecimento, e nele as sensações boas que ocupam os largos deixados pela ausência da consciência do real.
sexta-feira, 23 de julho de 2021
FLORESCENDO AGOSTO
dezembro que vingou em gente
semente do meu prazer
meu siso agora é seu sorriso
sem dente gostoso de ver
juízo pra seguir em frente
preciso ver você crescer
agora sou um ascendente (quem diria?)
quem poderia dizer?
menino que me faz contente
aqui te olhando adormecer
criança de brincar com a gente
lembrança de quem quero ser
desde quando vi seu rosto
florescendo agosto
quebrando o inverno
fruto, sinto aqui seu gosto
derramando em xote
meu amor paterno
sexta-feira, 16 de julho de 2021
Quando doido
Iscas para almas. Realização do projeto de fazer propostas. Quase uma coisa no lugar de tentativas. Lembretes do desapercebido. Refinaria de gritos
sábado, 19 de junho de 2021
NEM UM
O orgulho que impede de ser "mais um" não necessariamente leva além. Quem nunca é "mais um" é Ninguém.
quinta-feira, 10 de junho de 2021
POEMA ANTISSURTO
elegância é caro:
tem que engolir muita saliva que se queria cuspe.
civilidade é por um triz...
quantos dias deixam de ser um qualquer
sob o protagonismo de um qualquer?
vai guardando o lixo no bolso, na bolsa...
leva contigo a cantada, a porrada, a morte dos teus promovida, a humilhação na avenida,
o sorriso rangendo dente pro atendente da padaria...
gentileza e pão caríssimos sem manteiga. a seco!
entrega uma boa menina, um bom moço
pr'um mundo digno de fim.
vai guardando a raiva no medo
feito um quilo de caco de vidro numa sacola de plástico,
pois no oceano o crime é menos flagrante!
o problema vai pro lixeiro que o carregue!
outro que sangre o meu descuido!
plastifica-te pra não prejudicar o passeio público
contigo de verdade.
sobe ao patíbulo e cumprimenta o algoz,
porque a responsabilidade está amarrada em nós:
a união fez a forca.
a gente olha pra multidão e não sabe onde se deixar com a alma caída.
engole! diz "Bom dia!"
num tremendo aperto e ânsia arranja às boas maneiras os gestos largos e graves!
temes a morte?
não te exaltes: no caminho do progresso, a morte é atalho!
engole o ódio e segrega versos!
não podendo estrangular o diabo
e, diante de tudo, deus nada comovido,
em lugar de inúteis surtos e rebeldias...
... deita tua inutilidade na poesia.
sexta-feira, 4 de junho de 2021
DESALGORIZAR
Viver algo é impossível.
Seria não sentir.
O que se vive não é o.
Não há que.
"O que" não tem vida.
Não se vive algo.
A vida é propriamente desalgorizar.
quinta-feira, 3 de junho de 2021
quarta-feira, 2 de junho de 2021
segunda-feira, 31 de maio de 2021
MULHER PASSADO E HOMEM PRESENTE
- sei lá! acho que começou num aniversário... "parabéns!" coisa e tal... daí uma dica de roupa. - super antenada! muito atenção ao que que eu precisava, como ninguém antes. nunca! sempre preocupado com que eu estava pensando. e às vezes eu nem estava pensando nada! muitas vezes eu dizia qualquer coisa - sabe? confesso: pra me libertar! pensava um sapato... minha filha... já vinha com o vestido! uma atenção pra além de mim... precisa ver os vídeos que me mandava: eu, meus familiares e amigos... fez um book do meu filho que me cortou coração! agora... escuta: um ci-ú-me! um pouco obsessivo, sabe? quer minha localização toda hora, ver minhas fotos, minha câmera... se deixar grava o que eu falo pra me cobrar depois... mexe em tudo! mas é um so-nho! aliás, está sempre se atualizando nos meus sonhos. relação estável! brincando falei em casamento... apresentou hotéis fantásticos... e as alianças?! nem te conto!
- nossa, amiga! como que ele chama?
- algoritmo.
sexta-feira, 28 de maio de 2021
NÃO TENHA VERGONHA, POETA!
não tenha vergonha, poeta,
se "há soldados armados,
amados ou não",
o pior que sofremos
é para que resultem versos.
não tenha vergonha,
o mundo é um hipérbato:
antes vem o verbo.
deus é um eu-lírico,
esperando outro
para deitar, descansar
e chamar a eternidade de "paz"!
não tenha receio não,
a vida é de uma semente.
toda a lama que sente
é de parte ser raiz
para que a poesia
exista na copa
prestes a alçar voo
em pétalas.
para que isto se flagre
é preciso olhar para a tona
tendo olhos como peixes no ar,
flores como isca,
que fisga e iça do chão.
https://www.instagram.com/p/CPfwd6Rn2Xu/?utm_medium=copy_link
quarta-feira, 26 de maio de 2021
terça-feira, 25 de maio de 2021
A PERFEIÇÃO INIMIGA.
Se a pressa é inimiga da perfeição, há muitos casos em que a perfeição representa um obstáculo ao fazer; outros, uma desculpa para uma morosidade que põe a perder a oportunidade. Por essas, a perfeição é uma inimiga da realização. Aliás, a perfeição não é amiga de ninguém, coloca defeito em tudo.
segunda-feira, 17 de maio de 2021
BOM DIA!
alma carente
ama no "bom" casa no "dia".
cabeça vazia tá esperando ela
o início é o topo de um edifício.
a noite de núpcias é um elevador até o térreo.
pés no chão, pá na mão!
separação é homologada na portaria.
cada um no seu celular.
a guarda dos filhos é compartil-hada.
ele fica com os espermas
e ela, com ovários.
cada um com direito a prosseguir como promessa à alegria alheia.
do subsolo, pedindo pra subir,
agora eles só aceitam um caso se for até a cobertura.
https://www.instagram.com/p/CPD0ewWnrF4/?utm_medium=copy_link
quinta-feira, 13 de maio de 2021
segunda-feira, 26 de abril de 2021
há muitas leituras possíveis pra que uma verdade se meta a besta!
https://www.instagram.com/reel/CPbJuXoHhcA/?utm_medium=copy_link
sexta-feira, 23 de abril de 2021
terça-feira, 6 de abril de 2021
Estamos sempre querendo fazer de nossas angústias uma comunidade.
https://www.instagram.com/reel/COkoyBfnyow/?utm_medium=copy_link
segunda-feira, 5 de abril de 2021
VOZ DE VERSO
O timbre da avó que pela janela chamava para o almoço verteu-se voz de verso.
Abro o portão. Adentro o corredor estreito na memória...
Ela serve os pratos na mesa da lembrança.
E a falta que faz o aroma encerra uma poesia.
domingo, 4 de abril de 2021
terça-feira, 30 de março de 2021
segunda-feira, 22 de março de 2021
quarta-feira, 17 de março de 2021
Poesia é a fruta que colhe a mordida
uma coisa que ainda pode me encantar um pouco é o processo árvore
que dá aquela fruta da terra colhida
que dá naquela cor que espera aquela estação
se resta um pouco de mágica, está nisso
não quero entender nunca o processo árvore
não quero um gosto de bula
em vez de uma poesia
https://www.instagram.com/reel/CN7gufJHSL1/?utm_medium=copy_link
Sempre uma mágoa, de que somos procuradores.
https://www.instagram.com/p/CN5rlsMHHbQ/?utm_medium=copy_link
sábado, 13 de março de 2021
AMOR REFÉM
Você evoca o amor
em forma de apelação.
Se Deus é amor,
não use o nome em vão.
Se diz ter amor
no fundo do coração,
será cativeiro
ou será prisão?
Pare com esta chantagem,
não pago nenhum resgate
de amor que é feito refém.
Você se quiser que o mate.
Diante da minha imagem,
Você ora, ajoelha e implora...
Saberá dizer "amém"
quando eu for embora?
Diante da minha imagem,
Você ora, ajoelha e implora...
Saberá dizer "adeus"
O que irá dizer a Deus
quando eu for embora?
OBSOLETO
o homem, rei dos animais,
explora, conforme as habilidades, os demais:
o cavalo é transporte, esporte;
o boi de corte;
o cão, vigia...
e seu semelhante tinha por sorte maior serventia
por possuir de muitas funções sabedoria.
agora perde a concorrência pr'outras tecnologias.
veja que onde antes se empregava a maioria,
tornou-se obsoleta, pouca sua mais-valia.
hoje em dia já não vale é quase nada!
vide as vidas indo e a gente rica e fútil
rindo bastante despreocupada
o homem que só tinha a vida útil
herdou-se ferramenta ultrapassada.
https://www.instagram.com/p/CPN2629HfLc/?utm_medium=copy_link
terça-feira, 9 de março de 2021
sexta-feira, 5 de março de 2021
SINCERIDADE CASEIRA
- já passei da idade de ser agradável. e você?
- eu também já!
- pois é! eu tenho percebido.
- nojento!
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terça-feira, 2 de março de 2021
sábado, 27 de fevereiro de 2021
EMBALADO A VÁCUO
as paredes de meu lar são todas de outdoor
se saio é pra comprar
se fico me põem
a venda no olho
da rua
não tenho capital pra
ser minha propriedade,
sou refém da utilidade.
SANEAMENTO BÁSICO
nós temos tanto o desejo de vingança!...
mas contra qual objeto?
ódio
como um esgoto a céu aberto
esperando a decência dos aquedutos...
as ideologias estão todas poluídas.
no aterro há quem se vire pra viver do que resta...
tudo isto a nos levar, a nos desembocar...
em que mar isto vai dar?
a chave da cidade foi entregue
a quem jurou violentá-la.
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021
Às vezes me falta um lança chamas para expressar meus sentimentos
https://www.instagram.com/reel/CPil02snXIc/?utm_medium=copy_link
ALEGORIA
do samba que a gente fazia...
e da luz que tinhas, o escuro
que ofusca nossas fantasias.
dos nossos, alguns no futuro
não morrem, viram cantoria.
destarte em teu canto puro
ergueste tanta alegoria.
enquanto houver quem empreste
a este uma voz de alegria,
de gala a memória se veste
a te eternizar melodia.
se no carnaval já não existes
na roda estarás todo dia
a fazer o que sempre fizeste
em graça de Cláudia Garcia:
o samba não deixar triste;
o povo deixar em harmonia.
o teu coração, centro-oeste,
persiste em nossa bateria.
enquanto houver quem empreste
a este samba uma voz de alegria
de gala a memória se veste
a te eternizar na poesia.
se no carnaval já não existes
na roda estarás todo dia
a fazer o que sempre fizeste
em graça de Cláudia Garcia:
o povo deixar em harmonia.
o teu coração, centro-oeste,
persiste em nossa bateria.
amazônia gritou
rabiola do nada
" AH, MEU FILHO!"
canção simples
ARRANJO
em silêncio
uma flor do canto sussurra aos meus olhos uma cor
em segredo
o bilhete da moça é a voz do afeto possível no mundo:
"Adeus, Rodrigo!"
ARETÊ IGNORADO
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021
NÃO DIGA AO SUICIDA
"ame ao próximo como a si mesmo"
o que tenho por mim sou eu,
não é amor.
se é que me tenho...
quem sou para ser outro a se/me possuir?
quem me tem será quem sou?
não há espaço entre mim e o que sou
pra que se recheie com amor
que só se pode entre nós
OLHAR DE OUTRO JEITO
existe uma inversão de causa e efeito
ao pensarmos
na relação do brasileiro com o jeito
em que entre quais está ou é o sujeito.
e assim o diminutivo sufixo
corriqueiro
que se põe no segundo
justifica o crucifixo
em que se põe o primeiro
eis que no mundo
nos fazem suspeitos
fato é que só resta o "jeitinho"
a quem nem a vida possui por direito.
sábado, 20 de fevereiro de 2021
Brasileira
- que alegria contagiante e sorriso lindo você tem! o que você está usando é caro?
- chama "ignorância".
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021
COM QUE ESCREVO
Não quero exclusivamente nos desiludir de fundamentais ilusões ao nosso bem estar. Embora, para determinados fins, isto seja necessário.
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021
sábado, 13 de fevereiro de 2021
ECONOMIA
um vento
que adivinha chuva
ou fogueira...
os cheiros associados ao que não volta mais...
são os melhores!
penso em ir num alto mirante,
voltar a ler livros,
e escrever,
gravar um álbum com minhas canções,
banhar-me amanhã,
no vão dos compromissos,
no rio que corta esta cidade...
todos esses pensamentos são pouco pretensiosos.
autossuficientes enquanto precária sensação...
digo, basta que sejam pensamentos.
são pouquíssimos pretensiosos de serem escolhidos,
como quem corre canais de tv com enfado...
tenho apenas ficado em casa e feito o mínimo possível.
um verso no lugar da vida, do amigo, do amor, do outro...
terça-feira, 9 de fevereiro de 2021
sábado, 6 de fevereiro de 2021
PANELA NO FOGO
pois a vida é isto mesmo:
vigiar o arroz;
criar um status;
esperar olhares...
esquecer do vital!
tenho feito planos e o que eles tem em comum
é fugirem comigo!
esses planos todos pra amanhã
roubaram toda a importância de hoje.
uma vez no amanhã,
tornei-me sujeito às promessas.
minha vida foi pra europa,
e nunca mais voltou aqui na cozinha.
mergulhou lá num mar azul
e nunca mais ergueu a cabeça
por sobre o balcão
pra pedir uma paleta duas vezes moída...
esqueci de comprar um travesseiro.
que importa dormir ou ter o que abraçar?
este verso, que importa?
há olhos dispostos ao que não grita?
folga...? detesto! vou fazer o que comigo?
porca sem parafuso!
o café, o almoço, o jantar...
tudo isto é apenas recheio de um saco
que precisa ficar de pé!
na vida de fabricar há tanto a se fazer!
na de comprar, o meu prazer!
viver é intransitivo!
tudo é um resultado.
quem não perde as contas
vive no prejuízo.
https://www.instagram.com/tv/COp68MTHYtq/?utm_medium=copy_link
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021
Nem vendo
ainda que a foto exista
sobre o fato
incide sempre o ponto de vista.
pois quando tem meus olhos
seu retrato
é a saudade o que há mais realista
terça-feira, 2 de fevereiro de 2021
JEITO MORTO (CINZAS)
para Rubens Guilherme
herdamos este jeito morto
de encarnados pouco carnais.
já não sabiam balançar o corpo,
os nossos ancestrais.
e acreditamos em suas cadeiras
que não se quebram. ó, imortais!
sentamos na esperança,
como tais, pela musa que dança
e não cansa jamais.
vício de livros de herança.
hábitos de homens sentados,
pudor com o instante presente
que não nos levanta e nos cansa
de estarmos assim tão parados.
toda estrutura que falta
pra suportar nossa mente,
que a estante futura mais alta
nossa criatura sustente.
pois não podemos ficar quietos.
sem reclames, sem reparos.
tudo queimando em alfabetos.
sujeitinhos muito raros!
e o que por bem reparamos do mal,
se somos salvos pelo final
em não haver certo ou errado?
de ser, somos tão só cismados:
num irrevogável esforço
de parecermos iguais
a trasanteontem:
cortando os pelos e unhas morais
a nos sugerimos ideais,
nem me contem!
perdemos quantos carnavais?
quinta-feira, 28 de janeiro de 2021