sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

ARETÊ IGNORADO

sinto o que não sente aquela macieira:
um andarilho descansa à sua sombra,
uma mobília importa sua madeira,
um pássaro a faz de sua morada,
um exótico a conhece quando cheira,
um artista observando a forma pinta,
de um animal a urina é tinta de bandeira,
um caçador a faz mirante,
a infância se esconde em brincadeira.
um poeta a contempla e faz poesia,
um frio estúpido a corta e faz fogueira,
uma pesquisa sabe de suas folhas
propriedades curandeiras.

e cada qual com a árvore acha o nexo
se a proveitos diversos ela se doa,
mas eu nela só vejo meu reflexo
quando a maçã de si parece à toa.

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