terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Aquém do objeto

Quem me ama não quero encontrar!
Tenho pavor de concorrer com este sentimento:
Eu de carne e osso sendo posto a prova perante uma ideia maravilhosa que fazem de mim?!
- o acaso me livre!

Perto de quem me ama só tenho a perder...
Só posso capotar na ladeira de tal mérito.
Perto de alguém que me sente assim: amado...
Só me sobro tímido ou imprudente...

Quem sente saudades minhas,
quem ao menos cogitara - por lapso -
dar uma vida por mim...
Afasto-me e sou apenas delírio alheio!

Que tenho a fazer nas cercanias do amor é sujar-me,
estragar-me fatalmente...
Acabar desarmado, despreparado pra lidar com mordidas...

O acaso que me  mantém livre de quem me ama, promovo a divindade.
Certa distância da luz e dos barulhos de existir preserva o sonho em que sou magnífico.
Certa distância para que, se cheguei a tal ápice, eu possa ser e continuar amado.

Não! Deus me livre de quem me ama!
Não posso honrar tal sentimento e tudo que a partir deste esperam repletos de direito.
Dissolvo melhor meu tempo entre afetos menos gananciosos, que passariam bem sem mim....

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