quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Sem dentes

 


Quem enxergo abaixo pra pensar em cordas ou resgates,
sejam insetos ou uma nação de semelhantes gentes?
Aah meu amigo, quem morre não faz mais que ir à frente.
Quem minha língua fala
tem menos azo para que me invente.
Salvar os outros de não me serem?
Apiedar-me... mas de que?
Se até o que sinto são coisas a mim indiferentes,
exceto sou eu somente.
A compaixão é só o traje a rigor
que tem consigo quem mal se sente
e que a dor veste para de outro expandir e se nos fazer frequente.
Quem sofre o que é de outro falta no saber-se por si mesmo descontente.
Vai ao sofrer alheio fazer-se do seu ausente.
Esqueça o que de meus versos deduz,
desejo que tua cruz te seja suficiente.
Venha rir comigo enquanto não somos banguelas. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário