quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

meu outro homem chega de noite e bêbado. e gosta de picardias. de insultos, de mortos e de copos mais, cheios de que não pergunta e os vira com sede. acende velas de deboche com minhas crenças, flagrando fragilidades minhas na penumbra. meu outro homem chega de noite e cospe no verso que é minha cara. meu outro homem enrijece o membro na minha frente e o entrega em minha mão, e nossa boca seca em uníssono. faz do meu gozo sua marionete. com vasos dilatados, com fome sincera, olha meus olhos e não teme. ele só é capaz. e de manhã não deixa pegadas, a porta só, esquecida aberta. pegadas não senão as minhas. meu outro homem é lindo e horrível por pura indecência.  se banha lá fora nu no meu quintal, e a lua nos deixa numa silhueta, nos torna um só. meu outro homem é voraz... e eu fico estirado no sofá satisfeito e parece que eu sempre lhe devo em verdade.

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