domingo, 10 de março de 2024

A arte de saber

Primeiro a gente não sabe
e acha que saber vai mudar o mundo
Então a gente lê, escuta, vê, revê, se debruça...
É descobrimos que nada mudamos na vida do bairro.
A gente aprende que o mundo é muito
E pra salvar ao menos a imagem desistimos de ser ridículos com a nossa sabedoria.
A gente tenta no amor amiúde...
Na esperanca febril de que ao menos um vá conosco.
Mas nos aprofundamos demais na fé por saber
e na fome de sermos únicos
acabamos mais sozinhos
como nadando para dentro do mar de lá olhar a praia  e se aperceber que é na areia que se dá o encontro.
E que mudar o que quer que seja fica muito depois de tê-lo abraçado.
A gente se casa!
Daí se descobre que o conhecimento não segura o quanto queria a alegria sequer a dois.
Também que não dá pra aplicar o frio saber quando  envolvidos na emoção que é calor e não cálculo.
Então a gente cultiva uma planta simples num vaso e ela não vinga...
e descobrimos que saber é como rever uma tragecomédia:
sabemos tudo que vai acontecer,
como poderíamos evitar as tragédias
ou pelo menos como fazer menos doloroso o caminho,
mas nossa voz está muito distante,
como livros não lidos na estante,
ou peixes no aquário da sala,
e não chega ao jantar em que a família se despedaça...
e se tentarmos resolver seremos tão só mais um grito na algaravia das ignorâncias...
A última lição só ensina a arte de ser passivo.

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