quarta-feira, 17 de abril de 2019

A PUTA QUE PARIU (a poesia que uma passageira esqueceu no carro)

sou a puta que pariu recentemente
deixando farto um último cliente
pra buscar minha filha
do colo morno da família 
que não tenho.

com ar meio descontente
com a vida que leva a gente
ligo pro pai de "Cecília"
que de nós se desvencilha
no uso de um velho engenho.

na mão esquerda, pro dia emergente,
trago da noite o copo de aguardente.
e embora seja manhã bem cedo,

trago pouca esperança no peito
rente a criança no braço direito.
muito da gente é apenas medo.



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