quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Vate


Tem muito tempo que não vejo as pessoas
Senão suas caveiras:
Olho pra elas e vejo o fim.
Os ossos atrás da carne fugidia.
Esquecem meus olhos de ver o meio.
Em pleno agora, não vejo que estão.
Apenas que já se foram!
Se ouço o que dizem, escuto só uma teimosia de viver...
Parece que falam pra trás!
Vão dizendo e de repente tudo já está perdido e esquecido...
Devo agradecer! Ainda vejo os ossos, brancos, despidos da carne em completa assepsia!
Pense só se visse o nada que somos
como quem olhasse de uma espaçonave de onde a Terra é um grão!
Se não visse mais cores, se não olhasse mais como será daqui a pouco... Quando eu estiver morto! E os olhos - estes! - alimentando vidas invertebradas.
Se ouço... Perdão pelo que respondo!
Devolvo em automático as palavras
para simular que eles vivem!
Sem me preocupar com o que representam
Sou uma espécie de clarividente
que vê o silêncio que será
e por isso nada prevejo além,
uma espécie de condenado
a só ver o futuro do presente cego.
Quer saber?
Não é trágico, não é alegre... Não é nada!
Está tudo apenas no agora.
Ah... é triste a profecia:
"Só temos o presente
para toda a eternidade!"?

Nenhum comentário:

Postar um comentário