quinta-feira, 21 de junho de 2018

VORAZ

aproveitar a vida do lento ao violento amar
como quem ora a que deite no seu corpo o tempo
que me tem lambido a custa de encontrar gosto.

soltar estes desejos todos do meu animal...
sua ausência é imoral! um cão inoportuno
a ladrar dos corredores que dão no turno 
do meu sono.

insuportáveis animais que o querer  estima!
querem corromper, estes caninos em folia,
suas tardes civis vazias
resignadas ao tédio da prudência.

exorciza esses demônios, moça certa!
até que eu me reste um bicho-deus estirado
no ápice do existir conseguido!

escuta, bonita, o que digo!
troco o seguro dos dias por 
delírios em taquicardia.

só suas mãos de mulher
cuidadosas de um amigo
virando a tabuleta da vida 
- presa à porta que finda -
trocam por "perigo" 
o que seduz como "saída"

de noite, triste insone! 
de dia, pobre covarde!
enquanto durmo,
no sonho o sonho se infla de coragem 
e se atira do abismo onírico à realidade.
acordo para este muito 
muito tarde!

e ri irônico de canto um deus vigia
olhe bem senão é riso de alegria!
e canta do canto do quarto que
é sempre justo o fim
do que não pode melhoria!

se esse deus fizesse colo tépido 
do que é noite fria,
acabaríamos sem invejar
o que reina, o seu reino e nele o que 
depois de nós nem mesmo  o infinito sacia.

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