segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

ANA SE FOI

ana foi embora...
pensei em meu hálito,
em exercícios,
em melhorar...
talvez em trabalhar mais!

mas...
ana tinha meu nome tão fácil numa tela portátil,
bastava dizer "oi!",
eu responderia!
contudo, se foi.

não foi maior o silêncio
porque seu nome desceu ligeiro a barra de rolagem,
e ana sumiu
sem precisar de esquina,
da minha cabeça.

sem nos podermos clicar

éramos nada!
(com dedos leves se faz alguém feliz:
no clit e no clique)

"ana se foi!" - nunca gritei.
só agora, por efeito poético!
juro!
quase não desperto
que havia uma poesia para este acontecimento sutil


ana se foi!
ocorreu-me algumas vezes em ratificação:
estou ficando velho.

ana se foi!
mas nem se minha lista fosse em ordem alfabética
teríamos casado

fez contatos para procurar drogas
mas na oportunidade nem disfarçou que eu fosse de outra forma interessante
além de traficante!
o espelho também não dizia claramente nada a meu favor.
então raspei o bigode,
e me preocupei com o fim do perfume no frasco,
e com o dinheiro para o perfume,
e fui trabalhar,

e encontrei outras como encontrei ana,
e fiz cálculos e trabalhei porque...
ana se foi!

alguma vez disse "oi!" para ana
para teimar que o mundo não era assim

como o sabíamos no silêncio,
mas como o inventávamos falando:
"gostei demais de você!";
"adoro fazer novas amizades!"

no esquecimento dos outros dias,
quando lembrava esporadicamente,
sabia que não a queria muito.
então tentei evitar que o mundo fosse, através de mim, 

tão duro como tem sido comigo:

disse "oi!" para ana com certa lamentação introspectiva 
de saber dizê-lo com arte.
talvez ela tenha pensado, 
lembrando um amor que não liga:
"mas o que é ruim não me esquece!"

ana se foi!
e como eu, tente mentir 
um mundo sensível para todos nós!
mas é tarde, ana:
vimos os bastidores:
não gostamos de nós!
deu certo o nosso lance...
cer-ti-nho!

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