ele cresce no ventre de uma mulher
contra ou a favor das vontades
dos desejos...
ele não respeita conveniências morais, intelectuais e desejos gelados,
calculados de pai e mãe...
ele furou ondas vermelhas
coaguladas!
ele nem ele é:
mas um desejo ganhando carne!
um despejo, um gozo, uma noite que cresce de dezembro em diante.
não respeita conveniências para além das uterinas,
a estética da mãe, a loucura do pai...
ele fundamenta um amor máximo entre dois que se multiplicam em parentes que esperam ser.
cresce, contra a incompetência suposta do casal,
e o estado morto de um país,
que por enquanto é só ela:
metade de seus pais.
numa análise morfológica
ele coça seu nariz recém nascido
com seus dedos recém nascidos
e costuma brincar com o cordão
e então se soltará
a gosto!
ele não fala nossa língua, não paga ou recebe nossa moeda!
um dia aprenderá... ou nunca, como seu pai!
a perda dele, imaginada que seja, é de muitos desde já!
ele não é nosso amor, mas o que de nós se desatou!
e não se importa com este pai que escreve velho...
com uma mãe muito distinta:
uma figura que supõe a existência de um Deus escultor.
ele nunca entenderá isto como o pai dele escreve,
esta noite bêbada,
aqui jamais...
mas lá ele é mais que entendimento!
ele sequer precisa de mim.
embora um dia possa se iludir que sim:
declarando amor.
mas que importa o entendimento?
ele não tem dito, mas feito:
nada importa que entendam!
ele está alojado
naquela mulher perfeita e linda.
feito uma coisa...
se ele é uma coisa,
é coisa maior que toda esta gente que tenta significar e que está por fora!
pois nascerá a gosto e a contragosto de tudo e todos:
augusto.
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