segunda-feira, 6 de maio de 2019

TEMPORAIS

o tempo é menos denso que a água e o ar
para se ter ideia é um grande oceano 
sem superfície e sem fundo.
para se ter a realidade não podemos tê-lo em realidade.
pois o oceano mesmo seria a umidade num grão
das areias da praia do infinito
onde estão enterrados os nossos irmãos.
longe da nossa fraternidade!
num "para sempre" que por enquanto é raso,
a dar pé à nossa memória!
mero acaso que de deus fizemos caso.

as questões não são fundamentais
mas chovem pluviais sobre mim
verdade na verdade não há mais. 
para quem existe um cais?
para quais existe um ir?
é tudo um tanto faz?
existem velas? âncoras?
enormes baleias, golfinhos, outros animais...
todos nós submarinos, aliás, 
nem sub nem sobre 
apenas temporais.
com escamas, entre anzóis e corais. 
as vagas do tempo nos levam
à deriva, nos alimentamos dos sais.
explicamos a vinda de deuses 
que evoluirão de amebas como nós...
a vida de deuses que nos remedando
duvidarão serem humanos
ou feitos de nossos pós
como nos duvidamos...
vidas de deuses...
o tempo são mares originais... 
este mar, este ar...o tempo!
cabem nossas notas musicais,
e silencia nossa voz,
nossos gritos, nossos choros, nossos ais!...
vidas de deuses estão a caminho,
são nossos filhos e não nossos pais!
vêm de versos talvez, como rodas inventadas,
versos que descobrem o fogo.
pensamentos que riscam cavernas
cabem abstrações, coisas imaterias...
tudo num mesmo balaio de Chronos e Kairós
sensações, aromas, o sal... 
vêm além dos montes, pingam como água da fonte
além do bem e do mal
desta água beberais!



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