segunda-feira, 4 de maio de 2020

ALEGRIA POSSÍVEL

A alegria que posso, embora nem sempre ganhe nítidos dentes, está no meu dia, no verso, na rua molhada de chuva, no riso do outro lado da mesa, na xícara... Entre uma geladeira e um fogão, ficará pronta em alguns minutos, depois de descascar o alho. Chuveiro frio, chuveiro quente... Minha alegria tem um suspiro de recheio, flor da distração vingando neste chão de tanto esquecido. Por sorte vigora também em algumas redundâncias cotidianas ainda, à luz de uma janela, ainda que dê vistas para nada...

Tenho preguiça de me imaginar nascido pra uma felicidade lá no fim da estrada,  milhas e milhas do tempo, décadas depois... Não vim para salas-de-espera. Desço dos sonhos antes das decepções finais. Não sou para merecer, meu mundo gira entre fatalidade e dádiva. Mais me deixo do que me carrego.

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