Quisera ter a realidade que tem a tristeza
E uma rígida frieza que não queira cantar ais.
Invés dessa existência vã burlesca sempre parca para a paz.
Sonhei fazer o que não se desfizesse
como todos os mortais.
Mas acordei, e mesmo o sonho se desfez
me tomou a lucidez de quem se flagra um incapaz.
Pretendo só perder minha cabeça, de maneira que eu me esqueça
e não me lembre nunca mais.
De seres conscientes da inevitável sorte,
desconfio de seus modos cordiais.
Quem sente a todo instante a própria morte
Apenas por maneiras faz-se mudo
Contendo diante de tudo o "tanto faz!"
E sem receio de qualquer heresia,
Serei desta poesia doravante seu cartaz.
Pois nada de aviltante que a deus se diga
Faz mais que a miséria dessa vida
que engendra satanás.
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