segunda-feira, 1 de julho de 2019

LEANDRA LEAL

Sabe aquela figura que te conta uma coisa boa? Não sei exatamente o que há nelas, mas há algumas figuras assim, em mim Leandra é uma delas! Não parece ser por um carácter específico, mas o que há espalhado nela e o que isto comunica em movimento, tom de voz e mesmo na estética estática de uma fotografia; seja como for, a mensagem "Leandra" é reconfortante. Deve ser porque me remete a um tempo digno de saudades: juventude, quando havia uma tv e gente na sala de casa. Algumas pessoas famosas têm este poder de representar em nossa vida, para simpatia ou não. Claro! Sempre sem se darem conta. Gosto de ver sua imagem, pois ela está por aqui desde muito tempo, apesar de Leandra ser mais nova que eu! Pois ela está aqui, sua figura, mesmo através de sua mãe que, como uma tia avessa, cozinhava na sala tomando emprestado o aroma da cozinha lá de casa. Era isto, desembrenhava-se de um "Pantanal", transformando sua fisionomia em familiar antes mesmo de você nos aparecer! Sua mãe, de quem adivinhei que provinha antes pela semelhança do que por saber a Lealdade do sobrenome. Deve ser isto! Esta presença que ela teve no passado, como uma prima menina, mais nova, que falasse confeccionando "nossas" a mãe e as tias que, consanguíneas, eram apenas minhas, e lhe emprestavam bastante atenção, Leandra, a ponto de nos mandarem sair da frente... E você, "prima", as comovia com um timbre sem acidez crítica, predominantemente consolador, confessional, derramando amena essa voz-que-consegue na sala. Às vezes, você sussurrava amores, confessava dores... Pois é, você também foi feliz lá em casa... Bem, eu não ligava ouvidos muito atentos; digo, suficientes a apanharem o sentido do que você entornava, mas me molhava sua existência! Ficou de "Leandra" um suspiro, talvez uma semântica similar a da panela desfazendo-se dos vapores na cozinha, anunciando que havia uma família, cuidados, afetos a serem alimentados, acentuando o lar como doce, prenunciando que minha avó nos evocaria pro almoço e até meu pai, sequestrado pelo comércio, estaria à mesa... Sim! É! Acho que é esta ternura que há em vê-la, como um aroma que rescendia de uma vida distraída e que hoje desenha uma falta. Bem... Leandra ainda existe, isto é notícia boa. E se ela ri, é que nem tudo está perdido... e viver é um pouco sonho!

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