domingo, 9 de setembro de 2018

PELADA

Mas este Sol lembra de mim e mil amigos. Esses campos sabem, baldios terrenos de outrora. As traves frouxas, as redes quase nunca, e mais furadas que a copa de um pé de cajá-manga pela Luz da 17h, horário de treino! A lagarta queimando a mão de Alexandre Henrique, que foi abraçar a árvore. Alexandre Gargamel, senhores! Que morava no morro da marinha, onde até hoje esteja talvez "Allen Anderson" - seu nome virou um verso-amigo-meu, meu amigo! E ele casou com a Viviane, que na mesma escola estudava. "Meu Deus! Esses vão juntos mesmo!" E Cássio -  seu primo, Allen - era um craque! Você em matemática me passando resultados exatos escritos na borracha. Terá virado um cientista? Um Engenheiro Civil? Ou...? Estará funcionando num sistema binário? Eu, como se vê, sigo jogando conversa fora! E já não vejo amigos assim! Daqui a pouco farei um gol de bicicleta; eu, este jogador medíocre. Este sol sabe também as carambolas do pátio da escola. Aquelas árvores tantas! Sempre tive fome da vida, e as vezes dei a ela gosto de fruta apanhada no chão da oportunidade. Este sol sabe o campo do Topo Gígio, o campinho do quintal da casa de Jorge, o campo do Cais do Porto, o campo do Camelo... Vejo Júnior Cabeção brigando com Puã, que era um fera e driblava sem correr, apenas andando. Puã tomava nossa bola com tanta facilidade que dizia comigo mesmo: "A bola é dele!" - adivinha a inflexão que há nisto: sério e sentencioso: "A bola é dele!", e virava um figurante do filme Puã. Slogan? "A glória máxima em ser outro". A gente é que as vezes estava com a bola roubada. A bola era dele! Nunca ouvi falar na televisão, não com este nome. Mas acho um erro se a vida não deu a ele a camisa de um clube, revelando aquele artista popular, queria ver ele adversário de outros. Marcos Aurélio ajudando o amigo na briga, aquela roda dizia: "Deixa eles dois! Deixa os dois se resolvendo! Se mete não!" Essas rodas que os homens fazem em torno de tudo que briga e pode ser que sangre, é a maior civilização que podem, fazer rodas em torno do inferno. Este Sol sabe estes anos todos, e sabe nos pintar de dourado. Mas a gente sabe que o Sol não é o mesmo. E pra muito nosso, anoitece.

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